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Prejuízo com a greve dos caminhoneiros é superior a R$ 50 milhões

Há cinco dias realizando paralisações em todo o país, a greve dos caminhoneiros trouxe prejuízos por toda a parte, com os problemas mais sentidos, principalmente pela população, no desabastecimento de itens como combustíveis e alimentos.


Mas, do outro lado dessa cadeia, indústria e comércio também tem percebido os efeitos dessa mobilização. De acordo com a Fecomercio-BA, a perda potencial ao varejo, por dia, está entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões em Salvador e Região Metropolitana. No estado, chega a R$ 150 mi.


“Claro que também existem outras perdas, como o desabastecimento, a irritação do consumidor, desconforto e alimentos que podem ser pedidos”, explicou Fábio Pina, economista da Fecomercio-BA. De acordo com ele, o setor mais afetado é o de bens de consumo não duráveis, como os próprios alimentos e combustíveis, além dos remédios. Contudo, caso a situação se agrave, segmentos como vestuário e eletrodomésticos também podem ser afetados. “Toda a cadeia está envolvida”, salientou.


Segundo o especialista, a greve é oriunda do choque de interesses de três instituições envolvidas diretamente no assunto: Petrobrás, governo federal e caminhoneiros. “Esperamos que cada uma das partes possam ceder um pouco para que se chegue a um consenso, mesmo que isso não agrade a todo mundo”, desejou Pina, ressaltando que, ao invés de uma reforma tributária, seja feita uma reforma fiscal. “Precisamos de estado menor, que gaste menos. Enquanto ele gastar 40% do PIB, ele terá de arrecadar a mesma coisa”, afirmou.


Segundo Vladson Menezes, diretor-executivo da Federação, a greve tem sido extremamente danosa para a indústria baiana, afetando vários pontos, desde o pólo, chegando a outras localizadas no extremo sul do estado. A estimativa é a de que o prejuízo, no segmento, esteja na casa dos milhões de reais.


“Já é do conhecimento de todos que a Ford está com as operações paralisadas. Várias empresas estão questionando, os portos da Baía de Todos-os-Santos estão parados, não se conseguindo tirar as mercadorias. As que estão operando, já o fazem de forma reduzida. O conjunto dos setores já está sentindo. Isso acaba afetando desde a empresa que possui bens intermediários até aquelas que produzem a mercadoria para o consumidor. Precisamos de uma solução imediata, pois está difícil”, contou.


Menezes ainda fez uma avaliação acerca do acordo feito entre lideranças dos caminhoneiros e o Governo Federal na noite da última quinta-feira. “É lógico que você tenta resolver o problema de um lado, mas acabando criando um do outro. Se o governo vai bancar a situação, colocando dinheiro público para manter as finanças da Petrobrás, isso também vai prejudicar a todos nós que somos contribuintes. Qualquer solução que envolva recursos públicos acaba gerando alguns problemas imediatos, além de outros em um futuro próximo”, analisou


Em comunicado emitido na noite da última quinta-feira, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), avaliou que o impasse gerado pela greve dos caminhoneiros está afetando a produção e a distribuição de bens, como alimentos e combustíveis, bem como as exportações.


“A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) acompanha com preocupação o impacto da greve dos caminhoneiros sobre a economia, que ainda luta para superar dificuldades geradas pela crise recente. O bloqueio das rodovias do país prejudica a operação das indústrias, aumenta os custos de produção, penaliza a população mais pobre e tem efeitos danosos para toda a sociedade”, informou o comunicado.


Por conta disso, a entidade defendeu a suspensão dos bloqueios das estradas, enquanto as partes envolvidas negociam uma solução para os pleitos dos caminhoneiros. “A expectativa da indústria é que um eventual acordo privilegie o equilíbrio, para evitar que interesses de grupos não se sobreponham aos dos demais setores da sociedade ou onerem ainda mais os custos de produção”, finalizou o informe.


Avaliação


Para o presidente do Sindicato dos Lojistas do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Mota, o comércio de rua em geral também vem sentindo os efeitos da crise gerada pela greve dos caminhoneiros. Apesar de concordar com o pleito dos manifestantes – defendendo, inclusive, uma reforma tributária, pois a atual situação, segundo ele, penaliza a produção e o emprego – ele acredita que o tempo de paralisação já passou dos limites.


“Representa uma falta de autoridade no país, pois desrespeita o direito de ir e vir das pessoas que, por outro lado, com a falta de combustíveis, não se sentem seguras para sair e acabam se retraindo. Isso traz uma insegurança no campo da atividade econômica. O prejuízo existe, mas ainda não sabemos de quanto é. Ainda estamos avaliando”, comentou Mota.